Acordamos por volta das 6h30 e tomamos café da manhã na doce companhia da Irmã Lorena, natural do Peru que nos deu várias dicas sobre o caminho que podemos passar e ainda nos ofereceu a acolhida na casa de seus familiares (Vamos combinar isso direitinho Irmã).
No jardim vimos que havia um coqueiro bem grande com seus diversos coquinhos verdes, após alguns comentários as irmãs perceberam nossa vontade de experimentar os cocos e nos convidaram a colher os cocos. Havia uma escada de madeira que levava até a copa da arvore, então, num momento de coragem o menino mogli (Vitor) começa a escalada e após alguns minutos tira 4 cocos do coqueiro.
Já as 7h30, partimos com a Ir Marli pra faculdade, ela precisava entregar um trabalho e seguiria conosco pelas cachoeiras da Chapada dos Guimarães. Pra quem pensava que congestionamento brabo é congestionamento de SP, se engana, pegamos 1h de congestionamento dentro de Cuiabá e chegamos na cidade de Chapada as 09h00. Passamos de carro pelo centro, e voltamos pra apreciar as belezas naturais.
Paramos no Portal do Inferno, uma formação de grandes rochas em circulo, um lugar bem bonito, tiramos algumas fotos e seguimos pra cachoeira Salgadeiro. Chegando na cachoeira, pagamos R$5,00 pra estacionar o Cuervo e uma mocinha simpática chamada Ivonete (intérprete e guia) pede ajuda pra fechar sua Kombi, aproveitamos pra pedir algumas dicas sobre o caminho a seguir.
Com o espírito vibrante depois de cantar Mamãe Oxum e Pedra mais alta sob aquela belíssima queda d´água ( Jair mergulhando de cabeça nas águas não tão geladas, Deyse com sua pele branquinha reluzia com aquele sol e o Menino Mogli se sentia em casa), pois bem, seguimos novamente pra Faculdade da Irmã Marli.
Ao lado da universidade existe um bar que se chama “Faculdade da Cerveja” o Johnny ficou tentado a fazer sua matrícula pra livre docência ou até mesmo concorrer a reitoria da tal instituição. Com a irmã Marli estudando seguimos os 4 aventureiros de volta pra casa que nos acolhia.
Recebemos o recado da Anika (Rio Claro) que havíamos esquecido a bomba dos colchões de ar...putzzz e oVitor esquecido o shampoo....putzzzz.
Agora imaginem, 4 pessoas bem perdidas em Cuiabá, éramos nós. Sabíamos o nome do Bairro, sabíamos que havia um colégio lá perto e nada mais. O Vitor pede pro Jair dar uma encostada no carro pra pedir orientação a um transeunte, o rapaz parado por nós não sabia onde ficava o colégio procurado, mas, um gurizinho esperto que passava por ali, ouvindo nossa conversa disse “Estou indo pra lá”. Foi o anjinho Bruno, são paulino, que convidado por nós, seguiu vôo no Cuervo e nos deixou em frente a casa das Irmãs...ufa...Bruno Não aceite carona de estranhos, ainda mais quando os estranhos são bem estranhos!!!
Chegando em casa, pedimos á Irmã Clara pra conduzir uma vivência de Biodança conosco (nessa hora o Vitor lembrou dos oficineiros de biodança do CDL-Musical o querido camarada Ton de São José e a Amanda, amada de São Vicente), pois ela é especialista no assunto, enquanto isso o Joni meditava no quarto. Tivemos um momento de beleza e pureza rara, importantíssimo pra continuidade da viagem, a Ir. nos fez olharmos uns nos olhos dos outros, sorrirmos uns pros outros, tomarmos consciência da força e importância de cada um ser como é, diferente e único. Recordo que a irmã nos ensinou que tudo que fica parado tende a apodrecer e que tudo que queremos dar vida, devemos colocar em movimento. Algumas lágrimas depois e com o coração infinitamente feliz e purificado partilhamos o coco colhido mais cedo e esse teve um sabor todo especial.
Já era hora de arrumar todas as coisas e seguir caminho uma vez mais rumo a Vilhena/RO. Foi quando o Jair diz “Vitor, temos um probleminha, o porta-malas não está fechando” e não estava fechando mesmo. Então desparafusamos umas partes, investigamos outras e estudamos detalhadamente o problema, já desistindo de arrumar a trava o Vitor deu um golpe com o cabo da chave de fenda na trava e eis que a mesma volta a funcionar!!! Eba! Poderíamos seguir sem maiores complicações. Acondicionamos as malas dentro do Cuervo e saímos as 15h30.
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Ir Clara, Jair, Ir Lucia, Vitor e Johnny |
Paramos pra fazer um lanche cerca de uma hora depois e perguntamos “Que cidade é aqui?” e a resposta foi...” Aqui não é cidade não” ficamos levemente assustados mas foi onde finalmente o Jair e a Deyse experimentaram o pão de queijo frito , o Joni comeu um enrolado de presunto e queijo frio e todos se deliciaram com uma Jarra de vitamina de frutas que o Vitor pediu, com casca e sem açúcar. Na saída da “lanchonete“ havia uma repartição com alguns cd´s. entre tantos e tantos cd´s de forró e sertanejo o Vitor encontrou um cd do Raulllllllllllll, raridade essa que não poderia escapar, levamos o Raul conosco.
Novamente na estrada, tivemos o vôo do Cuervo Blanco interrompido pelo guarda federal rodoviário, vale dizer (sem ironia, de verdade) fomos muitíssimo bem tratados pelo guarda, educado, sereno, apenas pediu nossos documentos, nos orientou sobre os perigos da viagem, sobre as dificuldades que poderíamos encontrar, pediu pra que fossemos com mais calma pelo caminho e nos liberou.
No caminho, que começava a escurecer, vimos o que achamos ser as margens do Pantanal, e o Vitor (que vinha dirigindo desde a saída de Cuiabá) passou o volante pra Deyse. Com a noite posta o Vitor sugeriu uns joguinhos musicais, como “quem roubou o pão na casa do João”, “alguém está batendo na portinha do seu coração” e iniciamos o primeiro concurso musical pantaneiro de estrada, um do grupo lançava uma palavra e os demais deviam tentar adivinhar qual música se tratava, o Jair deu uma lavada nos demais. Também brincamos com a música da velha a fiar e da mosca que veio lhe fazer mal.
Depois de ter feito seu papel de animador de acampamento Vitor adormece e o grupo faz um resgate das músicas empoeiradas do fundo do baú, com direito a Xuxa, Menudo, Tonico e Tinoco, Milionário e José Rico, Sidney Magal, Wando, Beto Barbosa, Amado Batista, Sergio Brito, entre outros. Este foi um momento muito gostoso, pois a Deyse dirigiu quase 400km sem sentir nada, já que foi a noite de partilha mais rica e divertida que tivemos até o momento. Penso que viver momentos de alegria plena como este somente nos fortalecem e servem-nos como referencias quando as angustias e o cansaço aflorarem.
Por volta das 21h30, já com a fome apertando estávamos à procura de um restaurante na beira da estrada. De repente o Johnny diz: ”olha um restaurante mineiro ali”, mas com fé de que Deus prepararia algo melhor em seguida avistamos uma churrascaria no posto da estrada, o grupo foi fazer uma boquinha e o Vitor permaneceu com seu descanso de pele.
Devidamente alimentados, nova troca de direção e Jair pega no volante, alguns quilômetros depois a Deyse volta ao volante e percebe que o diesel estava na reserva, nesse momento houve um breve momento de total desespero, visto que não parecia haver civilização nos próximos quilômetros, mas o inesperado novamente aconteceu, pedimos a Deus que colocasse um posto de Diesel no nosso caminho e na próxima curva avistamos uma cidade, ufa, que alivio. Com El Cuervo Blanco agora alimentado, Jonilton e Jair pegaram no sono enquanto Vitor seguia com seu descanso de pele.
Mais alguns quilômetros de estrada e os outros 3 acordam, tudo bem escuro, entramos em contato com a Carol (Secretária Paroquial e membro da equipe de coordenação da PJ de Vilhena/RO) que disse para pararmos no primeiro trevo que alguém viria ao nosso encontro.
Alguns minutos se passaram e lá estava o Alceu, que nos levou até a casa das irmãs "coincidentemente" da mesma congregação da casa de onde acabávamos de vir " Divina providência”. Passava das 2h30 da manhã e fomos recebidos com um largo sorriso no rosto, estavam na casa a vizinha Marlene, o Pe. Joseir (dos nossos), Ir. Teresiana, Ir. Maria Amelia e Ir. Ana Paula (também amiga da Ir Lorena, a peruana); conversamos alguns minutos com todos, fomos levados aos nossos quartos (uma beleza, camas macias, tudo muitíssimo bem arrumado, toalhas...) tomamos um bom banho e fomos descansar as carnes.